Nota Técnica: Brasil registra primeiro caso de gripe aviária em granja avícola comercial

Em 15 de maio de 2025, o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (MAPA) confirmou a detecção de uma gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja avícola comercial em Montenegro, município do estado do Rio Grande do Sul.

É importante destacar que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves ou ovos, não havendo restrições ao consumo nem riscos ao consumidor final. Em nota oficial, o MAPA reforçou que o risco de infecção humana pelo vírus da influenza aviária é baixo e ocorre principalmente entre manipuladores ou profissionais que têm contato próximo com aves infectadas (vivas ou mortas).

Este é o primeiro surto de IAAP detectado em uma granja comercial no Brasil. Até então, surtos haviam sido identificados apenas em animais silvestres e aves domésticas, com o primeiro caso no país surgindo em maio de 2023, quase 20 anos após o início da circulação global da doença (desde 2006).

Todas as medidas obrigatórias para conter e erradicar o surto foram iniciadas. Notificações oficiais também foram enviadas à cadeia produtiva, à Organização Mundial da Saúde Animal (OMS), aos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente do Brasil, bem como aos parceiros comerciais do país.

Garantias

O Brasil conta com um robusto sistema de defesa sanitária, fruto da atuação do seu Serviço Veterinário Oficial (SVO), em colaboração com produtores rurais e demais atores da cadeia produtiva.

O Plano Nacional  de Vigilância da Gripe Aviária  inclui tanto a vigilância passiva – na qual amostras são coletadas de acordo com as notificações de casos – quanto a vigilância ativa, conduzindo investigações sistemáticas para encontrar mais casos.

Desde 2022, aproximadamente 4.000 investigações foram realizadas no Brasil em resposta a casos suspeitos de doenças respiratórias em aves, com coletas de amostras ocorrendo em mais de 1.000 situações. O MAPA mantém um painel com atualizações diárias dos dados (disponível  aqui ).

No que diz respeito à contenção e erradicação da doença, em caso de surtos, o Brasil possui um Plano de Contingência para a Influenza Aviária e a Doença de Newcastle Virulenta.

Após a verificação de um caso, além da declaração de emergência sanitária animal, também são implementadas medidas sanitárias nas zonas de proteção e vigilância no entorno da propriedade onde ocorreu o surto.

As zonas de proteção cobrem um raio de 3 quilômetros ao redor do surto, enquanto as zonas de vigilância abrangem 7 quilômetros (4,3 milhas) da zona de proteção, totalizando um raio de 10 quilômetros (6,2 milhas).

A Portaria MAPA nº 795, de 15 de maio de 2025, declarou situação de emergência zoossanitária no município de Montenegro, Rio Grande do Sul, pelo prazo de 60 dias.

Na propriedade onde o surto foi confirmado, um grupo especial de monitoramento de doenças suspeitas (GEASE) é responsável por determinar as zonas de proteção e emergência e garantir a implementação das seguintes medidas:

▪ Abate imediato no local de todas as aves da instalação infectada;

▪ A investigação de todas as propriedades/instalações avícolas num raio de 10 quilómetros;

▪ Formação de equipe de resposta para contenção e erradicação;

▪ Limpeza e desinfecção dos alojamentos e áreas de acesso das aves na propriedade;

▪ É proibida a retirada da granja de qualquer tipo de equipamento, ração, resíduos, cama, esterco ou outros materiais utilizados ou gerados na produção avícola;

▪ A proibição de entrada ou saída de todos os animais na propriedade, incluindo cães, gatos, cavalos, gado, ovelhas, cabras e porcos;

▪ Controle do tráfego de veículos nas vias de acesso à propriedade;

▪ Designação de barreiras sanitárias.

Mercado

A decisão de suspender as importações de aves brasileiras depende do acordo comercial vigente com cada país importador.

Após a confirmação do caso, China e União Europeia suspenderam as compras de aves de todas as regiões do Brasil.

As exportações representam cerca de 30% da nossa produção. Entre janeiro e abril de 2025, o Brasil embarcou 1,73 milhão de toneladas de carne de frango, gerando US$ 3,12 bilhões em receita. Os chineses são os maiores importadores, respondendo por 15% da receita, seguidos pela Arábia Saudita (11%), Emirados Árabes Unidos (9,7%), Japão (7,5%), México (5,4%) e União Europeia (5%).

Vale destacar que, em março de 2025, o Japão – quarto maior comprador de carne de frango brasileira – aprovou um novo Certificado Sanitário Internacional (CSI) para a gripe aviária, estabelecendo que as restrições comerciais decorrentes da detecção da doença serão limitadas aos municípios onde houver notificação de casos da doença. Anteriormente, essa restrição era aplicada em nível estadual.

Além de mitigar impactos no mercado, tal medida reflete a confiança do mercado internacional no sistema de inspeção sanitária animal do Brasil.

Agora, cabe ao MAPA dar continuidade às negociações com cada país importador para restabelecer rapidamente o comércio e reduzir o impacto no mercado interno, principal destino da carne de frango brasileira, que absorve praticamente 70% da produção total.

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