Nos dias 3 e 4 de abril de 2025, ocorreu a 51a reunião da Comissão Sul-Americana de Controle da Febre Aftosa (COSALFA), evento marcante que representa o encerramento do Plano de Ação 2021-2025 do Programa Hemisférico para a Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA). A reunião representou um avanço significativo na erradicação da doença nas Américas, fortalecendo os sistemas de prevenção e resposta a emergências sanitárias e destacando o papel ativo dos criadores de gado neste processo.
Actualmente, muitos países da região mantêm o seu estatuto de indemnes de febre aftosa através de planos de vacinação em grande escala, uma estratégia que revela riscos ainda presentes. A continuação destes programas só se justifica quando existem provas tangíveis ou uma probabilidade significativa de transmissão ou reintrodução do vírus.
No Brasil, os avanços do rebanho nacional no que diz respeito à saúde são notáveis. O país avança na consolidação do seu estatuto de nação livre de febre aftosa sem vacinação em todo o seu território, reforçando a segurança sanitária e a importância do sector pecuário nacional. Desde o início da erradicação da doença, o Brasil passou por mudanças significativas na produção pecuária, na indústria, no comércio e no Serviço Veterinário Oficial (SVO), todas combinadas resultando em condições sanitárias favoráveis. Em 2024, o Brasil se declarou livre da febre aftosa sem vacinação, um passo crucial para o reconhecimento internacional pela Organização Mundial da Saúde Animal (WOAH) e comprovação da qualidade da pecuária brasileira.
O Brasil também desempenha um papel estratégico na América Latina, compartilhando tecnologia e protocolos de saúde com outros países, promovendo a padronização de práticas e fortalecendo a saúde animal regional. Empresas e associações brasileiras investem em treinamento técnico na região, elevando assim o padrão da agricultura latino-americana. Além disso, o país está empenhado em manter um banco de antigénios para a febre aftosa, permitindo uma resposta rápida em caso de surtos na América Latina.
A eficácia do serviço veterinário brasileiro também se reflete no controle de outras doenças. O Programa Nacional de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) segue os rigorosos padrões internacionais estabelecidos pela WOAH. Desde 2012, o Brasil detém o status de “risco insignificante” em relação à EEB, comumente conhecida como “doença da vaca louca”
O país também se destaca na prevenção de doenças que são emergências sanitárias globais. A Peste Suína Africana (PSA), por exemplo, devastou a suinocultura chinesa em 2018. Erradicada no Brasil desde 1984, a doença é objeto de rigorosas ações de controle para evitar sua reintrodução. A gripe aviária altamente patogênica (GAAP) se espalhou globalmente desde 2020, afetando aves em vários continentes – A WOAH relatou um aumento significativo nos surtos de outubro de 2024 a fevereiro de 2025. No Brasil, não houve casos confirmados em granjas avícolas comerciais, reforçando a biossegurança da nossa produção, além de manter o Brasil classificado como o maior exportador mundial de carne de frango em 2024.
O próximo desafio que o setor pecuário brasileiro enfrenta é o combate à Tuberculose Bovina e à Brucelose. O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT), lançado pelo Ministério da Agricultura em 2001, busca reduzir o impacto dessas zoonoses na saúde humana e animal, bem como fortalecer a competitividade da pecuária nacional. O Programa define a classificação das Unidades Federais (estados) de acordo com o risco à saúde e implementa ações obrigatórias, como vacinação de bezerros contra Brucelose e testes para transporte interestadual de animais. Há também iniciativas voluntárias, como a certificação de fazendas livres dessas doenças.
Para aumentar a segurança sanitária do país, o Brasil tem em vigor um Plano Nacional de Rastreabilidade Sanitária de Bovinos e Búfalos. Diferentemente dos sistemas voltados para a exportação, essa rastreabilidade tem como foco a saúde e se integra às ações de vigilância epidemiológica do Ministério da Agricultura. Tem como objetivo monitorar os movimentos dos animais e controlar doenças que afetam a saúde pública e o comércio internacional. A primeira etapa deste plano prioriza a marcação de fêmeas, foco principal das ações de erradicação da Brucelose e da Tuberculose no país.
Com investimento contínuo em saúde animal, rastreabilidade e cooperação internacional, o Brasil consolida agora seu papel como padrão mundial na pecuária, garantindo assim alimentos seguros e sustentáveis para os mercados nacional e estrangeiro.