A soja é um dos pilares mais importantes da agricultura brasileira. Seu desenvolvimento está intimamente ligado ao avanço da ciência agrícola e ao aumento da demanda internacional, principalmente após a adesão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC). Nesse contexto, o Brasil se tornou um dos maiores produtores e exportadores de soja do mundo.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o Brasil é atualmente o maior produtor e exportador mundial de soja. Para a safra 2024-25, a produção nacional é estimada em 167,9 milhões de toneladas. As exportações de soja são estimadas em 96,8 milhões de toneladas, reforçando a liderança do Brasil no abastecimento global.
Esse aumento foi resultado de um longo processo de adaptação. A soja precisou ser ajustada às condições tropicais, um desafio enfrentado por instituições de pesquisa como a EMBRAPA. Grande parte da expansão da produção de soja do país ocorreu na Região Centro-Oeste, particularmente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Inicialmente dedicada à criação de gado e ao cultivo de arroz, a região gradualmente fez a transição para a produção de grãos, impulsionada pela demanda do mercado e pelas perspectivas de escala.
Comissão de Grãos da CNA
A Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) desempenha um papel central na representação dos interesses dos produtores. Ela apoia o desenvolvimento do setor de grãos por meio de intercâmbios técnicos, contribuindo para a segurança jurídica e incentivando soluções práticas baseadas em evidências científicas e tecnologia aplicada.
André Dobashi, presidente da Comissão, explica que a abordagem do país está focada na intensificação. “Escalonar não significa expandir as áreas plantadas, mas sim aumentar a produtividade nas terras já utilizadas. Essa tem sido uma prioridade para os agricultores brasileiros”, afirma.
Evolução da Produção e Integração da Sustentabilidade
O Brasil atualmente combina grandes áreas cultiváveis com tecnologia avançada no campo. Mas essa evolução também exigiu práticas sustentáveis. Rotação de culturas, manejo racional da água, redução do uso de pesticidas e plantio direto são alguns métodos que ajudaram a melhorar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir os impactos ambientais.
Dobashi reforça essa mudança de mentalidade: “Os produtores agora estão focados em melhorar a eficiência das terras que já administram, em vez de abrir novas áreas.” Isso reflete uma estratégia mais ampla, na qual a intensificação, em vez da expansão, leva ao progresso.
Equilibrando Produção e Meio Ambiente
A produção de soja no Brasil é cada vez mais baseada em práticas que conciliam produtividade e responsabilidade ambiental. Avanços em tecnologia e manejo permitem que os agricultores aumentem a produção e, ao mesmo tempo, conservem a vegetação nativa. Isso está em consonância com o Código Florestal do país, uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. A lei exige que as fazendas preservem partes de suas terras como Reservas Legais e Áreas de Proteção Permanente (APPs).
O Código Florestal incentiva o uso produtivo de áreas já desmatadas e a recuperação de terras degradadas, combinando assim o cumprimento da lei com benefícios ambientais.
Tecnologia e Responsabilidade Ambiental
O Brasil também fez avanços significativos na biotecnologia agrícola. Sementes melhoradas ajudam a reduzir o uso de pesticidas e aumentam a resiliência das plantas a pragas e doenças. O plantio direto melhora a estrutura do solo e a retenção de água, enquanto os sistemas de irrigação permitem até três colheitas por ano em algumas regiões, aumentando a produtividade e a resiliência.
Dobashi observa que o cultivo da soja pode coexistir com os ecossistemas locais. “A soja pode ser cultivada mantendo os aspectos ambientais da região. Em alguns casos, a agricultura contribuiu para a regeneração de paisagens que foram degradadas em algum momento”, diz ele.
Ele também destaca o papel da agricultura no sequestro de carbono. Técnicas como o plantio direto contribuem para o armazenamento de carbono no solo, reduzindo assim as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e apoiando a mitigação das mudanças climáticas.