Em 2021, o mundo emitiu 48,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) e, de acordo com dados do Banco Mundial, os três maiores emissores foram China, Estados Unidos e Índia. Em termos de emissões por setor, o principal contribuinte foi o setor de energia, que representou 75% das emissões globais, enquanto o setor agrícola representou 11% do total.
No Brasil, a mudança no uso da terra é o maior emissor, seguido pelas atividades agrícolas. No entanto, entre 2010 e 2021, com exceção da mudança no uso da terra, todos os setores viram aumentar suas emissões.
No país, que representa 4% do montante global, o perfil de emissões difere dos países desenvolvidos: o setor energético responde por 22% do total de emissões, enquanto a mudança no uso da terra e a agricultura representam 36% e 31%, respectivamente.
Esses dados mostram que, em escala internacional, metas ambiciosas precisam ser estabelecidas para reduzir as emissões no setor de energia, que ainda depende muito dos combustíveis fósseis.
O Brasil tem mostrado potencial na construção de um mix energético baseado em fontes limpas, com o setor agrícola desempenhando um papel crucial nesse processo. Em 2021, 30,8% da energia proveniente de fontes relacionadas a esse setor, principalmente produtos derivados da cana-de-açúcar. O programa Renovabio, que promove o uso de biocombustíveis, foi essencial para essa transição.
Em relação às emissões agrícolas, a 4a Comunicação Nacional à UNFCCC identificou sete de suas principais fontes, sendo a fermentação entérica a maior, respondendo por 57,9% das emissões setoriais em 2020. No entanto, os planos de mitigação de emissões mostraram resultados positivos. Entre 2005 e 2020, a fermentação entérica viu uma redução de 2,2% nas emissões, mesmo com um aumento de 5,3% no rebanho bovino durante o mesmo período.
Além disso, entre 2005 e 2020, o setor agrícola registrou o menor aumento de emissões no Brasil, excluindo a mudança no uso da terra, com um aumento de apenas 7%, apesar do crescimento significativo do Valor Bruto da Produção. O setor de resíduos teve o maior aumento, 36%, seguido pelos setores de energia (24%) e indústria (23%).
Esses resultados mostram que a agricultura brasileira tem efetivamente controlado o crescimento das emissões, mesmo em meio a ganhos significativos de produtividade. A implementação do Código Florestal, uma das leis ambientais mais rigorosas do mundo, e o lançamento de programas como o ABC+, que promove práticas agrícolas de baixo carbono, foram cruciais para esse progresso.
Para garantir o progresso contínuo na redução de emissões no setor agrícola, é essencial garantir a aplicação adequada do Código Florestal e expandir a implementação de práticas sustentáveis promovidas pelo Plano ABC+. Além disso, é necessário melhorar os inventários nacionais de emissões para que os esforços dos produtores rurais possam ser medidos e relatados com precisão, contribuindo de forma mais eficaz para a transição do Brasil para uma economia de baixo carbono.
Amanda Roza é Consultora Técnica de Sustentabilidade e Inteligência de Mercado da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA)